sexta-feira, setembro 29

::: Candidato Anulão no País da Corrupção :::

Imagine a seguinte situação “hipotética”:

Em um paraíso perdido, acontecerão eleições majoritárias para escolher o novo líder da tribo. A comunidade é dividida entre os Mantas Azuis e os Pés Vermelhos.

Tanto um quanto outro já foram líderes da citada Tribo, mas ambas administrações foram uma lástima. A infelicidade da Comunidade é imensa. Vários dos habitantes se sentem desconfiados das verdadeiras intenções dos pretensos líderes, que, aparentemente, têm uma amizade muito chegada com uns líderes de tribos vizinhas, trocando terras e favores sem consentimento do restante da população...

Bem, nestas eleições, depois de tantas outras, os habitantes do Paraíso estão em dúvida: “Qual seria o MENOS PIOR para votar?”

Aproxima-se o dia de declarar seu preferido, mas está cada vez mais difícil escolher o menos ruim, tanto um quanto o outro acusam-se mutuamente dos mesmos pecados.

As eleições no Paraíso acontecem em praça pública com os membros da comunidade levantando as mãos para expressar sua vontade (SIM ou NÃO). Vez ou outra, alguém levanta duas mãos só pra tumultuar ou tentar fraudar o sistema, mas tais acontecimentos são logo contornados e punidos com leves açoitamentos e proibição do cidadão de participar de alguma gincana promovida pelo Governo. Mas nas próximas eleições ele pode votar novamente, sem problemas.)

“ – Como posso escolher um preferido se não prefiro nenhum dos dois?“ Indaga o Eleitor magoado com suas sofríveis opções.

“ – Se eu votar nos Azuis, é ruim. Se votar nos Vermelhos, é ruim também. Eu não quero votar ruim, mas não tem mais em quem votar! Vou sortear e rezar pra ser o menos ruim: uni-duni-tê...”

Talvez se o Paraíso não fosse um lugar tão bonito e feliz de se viver, o Eleitor se preocuparia mais em quem votar. Mas de uma maneira geral, ele não liga muito. Só quer se livrar logo do tormento de ficar em pé na praça com o braço levantado...

Mas qual seria a salvação do Paraíso?

Lá eles têm algo chamado Leis Fundamentais, que regulam toda a organização da comunidade, tanto política quanto comportamentalmente. Essas Leis Fundamentais foram escritas e aprovadas, pasmem, pelos menos Azuis e Vermelhos (que são um ‘mais ruim’ que o outro, não se sabe qual é qual). Talvez por isso ela seja tão confusa, faltando-lhe clareza nas considerações, e dê margem à tantos desvios...

Nela há algumas passagens que indicam a possibilidade para o Eleitor não votar em nenhum dos ruins, e ainda assim demonstrar a sua vontade (que é não ter nenhum dos dois no comando da nação).

Porém a opção de Voto Nulo não é uma opção. Como ele faria para votar nulo? Levantando o braço somente até a metade do caminho? Ou então, ficando de ponta cabeça na hora do levantamento dos braços?


Eu, pessoalmente, não entendo muito dessas Leis confusas. Hoje em dia é preciso estudar 5 anos para poder aprender o que realmente querem dizer, e ainda assim, sempre tem um espertinho que acha um jeito de distorcer a Lei a seu favor.

Não tenho a pretensão de anular a eleição inteira votando nulo, porque sei que aqueles que fazem as Legislações jamais permitiriam, tem sempre uma Lei ou emenda de última hora para garantir a perpetuação dos corruptos no poder. Mas sei que de modo algum passaria desapercebido pelas nações do Mundo o tamanho da nossa insatisfação. Nosso recado a estes políticos é somente um: a população não se engana mais e não os quer mais se revezando no Governo.

Voto Nulo não é voto perdido, é uma manifestação da insatisfação com as (faltas de) opções que temos a cada eleição.

Nos últimos anos, o número de votos nulos vem crescendo consideravelmente, mas não é interesse da mídia divulgar. Um bom exemplo foi a eleição passada, com Miguel Mossoró condidato à prefeitura de Natal, que prometia uma “mãozada” nos bandidos, entre outros absurdos, que chegou em 3° lugar, com 67 mil votos. 67 mil votos de protesto, que conseguiram preocupar os outros candidatos, Azuis e Vermelhos, tanto que procuraram urgentemente fazer alianças no segundo turno buscando seu apoio. Infelizmente, vimos que ainda é impossível um voto de protesto destinar-se à um Palhaço, pois este palhaço é humano, e como tal suscetível a fraquezas, tal como vimos, com espanto, ao se concretizar a aliança de Miguel Mossoró com Luis (Azul) Almir no segundo turno.

Eu vou votar nulo pela primeira vez! Assim, pretendo mostrar que eleição não é brincadeira, que meu voto não está à disposição de palhaços, bodes, sheiks, Azuis, nem Vermelhos, e principalmente, nunca mais do Pior ou do Menos Pior.

3 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Voto nulo não é voto perdido, não deixa de ser sim uma manifestação de insatisfação na política, mas também é um voto que não muda nada e dá chance dos outros dois concorrentes (de acordo com seu exemplo) terem mais margem pra ganhar até em 1º turno. Já pensei em voto nulo como forma de protesto, mas pensando bem não o vejo mais como isso, pra mim, voto de protesto seria a população ir às ruas protestarem/movimentarem ações de insatisfação política ou simplesmente as pessoas não irem votar. Melhor que votar nulo é não ir votar! Aí sim, se muita gente simplesmente não fosse votar seria um fato histórico nesse país e traria à tona também o tema da obrigatoriedade do voto.

Eu acho que a gente tem que votar sim, pensar bem em quem, acho que ainda vale a pena ter esperança. Temos o Cristovam Buarque como uma boa alternativa contra PT/PSDB. Além da frente socialista da Heloísa Helena.
Só em levar essas eleições ao segundo turno já seria uma coisa boa, pois será muito triste ver Lula ganhando em 1º turno. E eu acho, sinceramente, que mesmo Lula ganhando essas eleições ele não vai ficar no poder por muito tempo...

30/9/06 6:23 PM  
Blogger Afe maria disse...

Eu acabei mudando o voto também na última hora. Só para ajudar o 2° turno! :P

4/10/06 6:02 PM  
Blogger Abusinho disse...

pois eu nunca apertei tantos ZEROS na vida...

6/10/06 4:09 PM  

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